quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Estudo associa obesidade a bactéria encontrada na boca


Um estudo feito no Instituto Forsyth, nos Estados Unidos, encontrou forte associação entre a ocorrência de obesidade e a bactéria Selenomonas noxia, encontrada na boca.

Para a pesquisa, publicada no Journal of Dental Research , foram seleccionados 313 mulheres saudáveis, que apresentavam excesso de peso ou obesidade de nível 1 (circunferência de cintura entre 80 e 88 centímetros). Os resultados apontaram um grau elevado da presença do microorganismo em mais de 90% das mulheres.

"A bactéria foi encontrada em quantidade muito superior ao normal nas pessoas obesas, a tal ponto que seria possível identificar um indivíduo obeso simplesmente pela presença de certa concentração dessa bactéria em sua boca", disse Francisco Groppo, um dos autores do estudo.

"Este é o primeiro estudo que aponta uma bactéria da boca como tendo implicação na obesidade. Sabemos que várias outras doenças têm implicação directa com bactérias da boca", explicou.

A bactéria Selenomonas noxia não depende de oxigénio para sobreviver e é frequentemente encontrada em pacientes com periodontite. "Ela não surge do nada. Para se fixar, precisa de condições especiais, que envolvem uma sequência de eventos distintos.”

Apesar da descoberta, o investigador afirma que não é possível ainda tirar conclusões definitivas. "Não dá para saber se é a bactéria que propicia a obesidade ou se a patologia é que provoca a alta concentração da bactéria", disse.

Curiosamente, segundo ele, a Selenomonas noxia é do mesmo grupo de microorganismos que, no passado, foram encontrados no intestino e estavam relacionados com a obesidade. "Além disso, está associada também a abortos", disse.

O estudo permite levantar algumas hipóteses. "Talvez o organismo dos obesos possa gerar nutrientes específicos para essa bactéria, fazendo com que ela se multiplique além do normal. Também é possível que a bactéria produza substâncias químicas na boca que, uma vez absorvidas, poderiam aumentar a sensação de fome", disse.

O estudo continuará simultaneamente. "O professor Max Goodson [o outro autor do estudo] vai estudar a evolução das bactérias nas crianças. E eu vou começar a fazer uma série de testes in vitro", explicou.

Groppo alerta para a necessidade de cuidados com a saúde oral. "É preciso frisar para a população em geral a necessidade de procurar atendimento odontológico. Este estudo é mais uma prova de que a saúde começa pela boca.


Publicado em Sapo Saúde em 12-08-2009.

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