domingo, 6 de julho de 2008

Carência de iodo provoca atrasos psicomotores nas crianças

A falta de iodo nas crianças causa problemas no desenvolvimento cognitivo e motor, cujas consequências vão desde atrasos psíquicos, dificuldade de concentração e estatura reduzida. Sintomas como falta de apetite, estagnação no crescimento e mau desempenho escolar, podem indiciar níveis deficitários do nutriente.

O Grupo de Estudos para a Tiróide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) está a desenvolver o 1.º Estudo Epidemiológico sobre “Aporte de Iodo em Portugal”, cuja segunda fase analisa crianças entre os 7 e 12 anos. A investigação parte de uma amostra de 3.000 crianças, de todo o país, e procura avaliar a necessidade de introduzir suplementos alimentares iodados.

“Os dados apurados até ao momento indicam que a situação não é tão preocupante como no caso das grávidas. No entanto, a amostra analisada é ainda muito reduzida e é provável que a situação se altere. O importante é serem criadas condições para que o aporte de iodo nas crianças seja suficiente e que não tenham de ser os pais a suspeitar de carências, através de sinais exteriores como atraso no crescimento e falta de aproveitamento escolar”, defende o Dr. João Jácome de Castro, coordenador do estudo da SPEDM.

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) está a apoiar a investigação e manifesta total empenho na implementação de medidas que levem à introdução de suplementos de iodo. “É um problema de saúde pública mundial e estamos a acompanhar de perto a situação em Portugal. As conclusões finais deste primeiro estudo epidemiológico são fundamentais para a tomada de posição que viermos a defender”, afirma o Dr. Machado Saraiva, da DGS.

O iodo é um micronutriente essencial ao organismo humano, utilizado pela tiróide na síntese hormonal, responsável pelo normal funcionamento das funções vitais: regulação da temperatura corporal, frequência cardíaca, funcionamento intestinal, força muscular, memória e estados de humor. Está naturalmente presente em certos pescados, frutos, vegetais e água.

A primeira etapa do estudo está terminada e concluiu que 70% das grávidas portuguesas têm carência de iodo. Durante a gravidez, as necessidades do nutriente são maiores, para fazer face aos requisitos de hormonas tiroideias de mãe e filho. Níveis baixos de iodo podem estar na origem de bócio, na gestante e no feto, e perturbações cognitivas, no feto.

A investigação em curso tem o patrocínio institucional da Merck e os apoios do Colégio da Especialidade de Endocrinologia da Ordem dos Médicos, Direcção-Geral de Saúde, International Council for the Control of Iodine Disorders (ICCID) e Comité Português da Unicef. Os responsáveis esperam ter dados conclusivos no final do ano, quando 50% da amostra tiver sido observada, estando a finalização prevista para 2009.
Artigo publicado no site http://saude.sapo.pt

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